Quinta da Toural

 A Quinta Exclusiva

A Quinta Exclusiva

Casa Grande

Casa Grande

Casa da Adega

Casa da Adega

Casa do Penedo

Casa do Penedo

Casa do Souto

Casa do Souto

Casa do Espigueiro

Casa do Espigueiro

Capela românica da freguesia de Távora ou Capela de São João Baptista da Comenda

Apesar dos vários estudos dedicados a este monumento, a sua história permanece por desvendar em áreas fundamentais como as origens, a passagem (ou instituição) para a Ordem do Hospital e a respectiva sucessão dos seus titulares.
Nas Inquirições de 1258, ainda não se refere qualquer templo com esta invocação. Por outro lado, em 1269, num documento de D. Afonso III, menciona-se o "reguengo de Távora". Tendo em conta, estas referências, Lourenço Alves sugeriu que a edificação da capela, por iniciativa dos Hospitalários, teve lugar entre estas datas (ALVES, 1982, pp.89-90). No entanto, a referência ao reguengo deve motivar alguma cautela nesta cronologia, uma vez que só depois de 1269 ter-se-á passado a propriedade para a posse dos frades hospitalários, iniciando-se, então, a construção da capela. Ao final das obras deve referir-se uma inscrição na fachada Sul, datada de 1294, que Mário Barroca equacionou ser alusiva a uma qualquer "reforma arquitectónica do templo" (BARROCA, 2000, p.1108).
Perante estes dados cronológicos, não restam dúvidas sobre a condição tardia do monumento, erigido quando, há muito, o Gótico havia entrado no país e fazia a sua afirmação nas regiões de maior desenvolvimento do centro e do Sul do reino. No entanto, existe uma segunda inscrição alusiva à construção românica, situada no tímpano do portal principal, actualmente muito delida, mas ainda possível de reconhecer a sua data: 14 de Setembro de 1180, de acordo com a proposta de BARROCA, 2000, pp.438-439. Neste sentido, ganha claro sentido a pré-existência de um templo - por qualquer razão não referido em 1258 -, posteriormente doado à Ordem do Hospital, instituição que haveria de ser responsável pela construção do templo actual.
A avaliação estilística da capela atesta a sua maior proximidade em relação aos "fins do século XIII que dos finais da centúria anterior" (ALMEIDA, 1986, p.66), pelo que a inscrição de 1180 deve ser relacionada com uma fase construtiva anterior, de que aparentemente não restam evidências. Com efeito, a sua estrutura revela um plano românico tardio e de resistência, simplificado e destituído de rasgos arquitectónicos de originalidade. Com uma só nave e capela-mor rectangular (bastante alterada na época moderna), a sua fachada principal possui um portal axial de arco apontado, assente em duas consolas e na caixa-murária, a que se sobrepõe uma fresta e, coroando o alçado, um campanário de dupla sineira de volta perfeita, elemento característico das derradeiras e rurais construções românicas no nosso país.
A maior originalidade do edifício está na sua janela do lado Sul, de arco de volta perfeita, em cujas colunas se esculpiram duas figuras humanas. A interpretação destas esculturas tem vindo a ser objecto de discussão, sendo provável que representem São João Evangelista e São João Baptista (GRAF, 1986, vol.2, p.46; RODRIGUES, 1995, pp.229), ambos padroeiros da Ordem do Hospital e aqui figurados como exemplos das duas Eras do Mundo (antes e depois de Cristo) (RODRIGUES, 1995, p.289).
A restante decoração do templo coloca alguns problemas estilísticos, quer a dos capitéis do interior (que parecem apontar para uma cronologia mais recuada), quer a dos tímpanos (à base de elementos geométricos incisos, que podem corresponder a formulários já ensaiados no Entre-Douro-e-Minho em tempos mais recuados, como se depreende pela relação que ALMEIDA, 1986, p.65, estabeleceu com elementos de Sanfins de Friestas).
Adossada ao lado Sul da cabeceira, construiu-se, na primeira metade do século XIV, a capela funerária de São Tomé. Ela está datada de 1327 (BARROCA, 2000, p.1524) e terá sido construída por uma família nobre local para seu panteão, dando continuidade ao carácter funerário que parece ter presidido à edificação da própria capela de São João Baptista, local de sepultura dos comendadores hospitalários, cujos túmulos um visitador do século XVII viu (ALVES, 1982, p.91) e de que restam ainda alguns no exterior.

Local: Comenda, Távora (Santa Maria), Arcos de Valdevez



Bibliografia

Título:"História da Arte em Portugal - O Românico"
Autor(es):ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de

Título:"O mundo românico (séculos XI-XIII), História da Arte Portuguesa, vol.1, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, pp.180-331"
Autor(es):RODRIGUES, Jorge

Título:"Portugal roman, vol. II"
Autor(es):GRAF, Gerhard N.

Título:"Necrópoles e sepulturas medievais de Entre-Douro-e-Minho: séculos V a XV"
Autor(es):BARROCA, Mário Jorge

Título:"Arquitectura Românica de Entre Douro e Minho"
Autor(es):ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de

Título:"Igrejas e Capelas românicas da Ribeira Lima, Caminiana, ano IV, nº7, pp.47-118"
Autor(es):ALVES, Lourenço

Título:"Primeiras Impressões sobre a Arquitectura românica portuguesa, Revista da Faculdade de Letras do Porto, Série História, nº1, pp.3-56"
Autor(es):ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de

Título:"Alto Minho"
Autor(es):ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de

Título:"Egrejas e Capelas Românicas de Ribeira Lima"
Autor(es):BARREIROS, Manuel de Aguiar

Título:"Epigrafia medieval portuguesa (862-1422)"
Autor(es):BARROCA, Mário Jorge

Título:"História da Arte em Portugal, vol. 3 (o Românico)"
Autor(es):ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de


FONTE: DGPC

CONTACTO

Quinta da Toural

+351 966 569 105

+351 966 729 793

email